segunda-feira, 6 de abril de 2015

Por uma arte pós-contemporânea

A arte contemporânea se perdeu pelo e para o simplesmente financeiro. Como sempre o foi a arte, uma representação das impressões do seu próprio tempo, a arte contemporânea também representa bem a nossa época, onde os maiores valores são o dinheiro e o entretenimento. 

Vivemos uma etapa da civilização em que prevalecem a ausência de profundidade em nossos sentimentos e a falência do pensamento crítico e, sobretudo, um tempo em que não toleramos qualquer tipo de dor ou sofrimento. Etapa da civilização do predomínio do superficial, do decorativo, do efêmero, da tecnociência que tudo pode e que nos governa de um modo quase absoluto. 

Agora, somos em grande parte guiados pelas máquinas e escravos dos utensílios que atrofiam a nossa imaginação. Somos seres alienados, aparentemente felizes e ao mesmo tempo angustiados pelo nosso vazio existencial (somos celebridades vazias para os outros ou para nós mesmos). 

Acredito que devemos nos empenhar para que essa etapa seja rapidamente superada: o humano como humano está se perdendo inteiramente ao que é fácil e superficial. Um novo mundo terá de emergir. Uma nova proposta de arte terá de aparecer. Essa concepção de contemporaneidade (como a que acontece hoje) é um grande equívoco. Um grande mal que adoece a todos nós.   

Para sobrevivermos como humanidade, temos de readquirir nossa capacidade de reflexão crítica, de sermos novamente governados por nossos corações e nossas mentes. Buscar uma nova concepção de individualidade, revalorizando os nossos ideais, enfim, um novo modelo de conceber a arte. Uma arte que supere os desacertos da atual arte contemporânea. Uma arte que resgate o seu verdadeiro potencial criativo e que não seja predominantemente regida pelos interesses financeiros de mercado.

Sugerimos, então, que inicialmente essa nova forma de fazer arte seja denominada como pós-contemporânea.

José Augusto Silveira
06/abril/2015  

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