sexta-feira, 17 de abril de 2015

Lisérgicos olhos

Saulo Abip Gonçalves


A sala cresce em todos os lados
O álcool desce em todos os lábios
Crescem também as heras nas pontas dos dedos queimados
Cresce também a espera pela descida dos anjos ébrios
Esperam, talvez loucas, toscas formas derretidas
Esperam, talvez roucas, estranhas vozes esquecidas
Rezando, deito-me no banco da praça a pensar
Deitando-me, espero que faça o céu novamente dançar
Na sala, na praça, o que me cala é a farsa
Estala, arregaça, minha consciência é esparsa
Espero, inteiro, a sobriedade voltar
Espero, primeiro para sair do lugar
E a lua sorri e não passa, ri “perdi a tocar”
O sol não nasce e, desgraça, a rima que vem-me a sarar
Mais novo deboche dos astros estranhos
Deboche mais novo, me espanta o tamanho
A noite não passa e o dia não vem
Perdido me encontro entre o aqui e o além
As horas que escrevem entre as linhas de quem
Perdido se encontra sem procurar ninguém
As cores da aurora ou do ocaso distorcem
A distorção de fora ou do ácido por dentro
Lisérgicos olhos que não me soltam nem em pensamento


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